Herpes genital e preenchimento íntimo dos grandes lábios: quando indicar profilaxia antiviral?
- Dr Jefferson Nunes
- há 3 dias
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Tem herpes genital e quer fazer preenchimento íntimo dos grandes lábios? Entenda riscos, quando é indicada profilaxia antiviral, quais remédios usar e como se preparar com segurança.
Por que este tema importa
O preenchimento íntimo dos grandes lábios com ácido hialurônico é um procedimento minimamente invasivo que repõe volume, melhora a hidratação da pele e pode reduzir desconforto por atrito. Em pessoas com histórico de herpes simples, qualquer trauma controlado na pele tem potencial de reativar o vírus. Por isso, planejar a profilaxia antiviral pode reduzir o risco de surto no pós-procedimento. Evidências e diretrizes de dermatologia e infectologia dão suporte a essa conduta, sobretudo quando há procedimentos estéticos que irritam a pele, como lasers e peelings, e por extensão em procedimentos injetáveis quando o histórico é positivo para HSV.
Quem é candidato ao preenchimento íntimo
Lipoatrofia ou “esvaziamento” dos grandes lábios por envelhecimento, emagrecimento ou pós-parto
Flacidez e perda de turgor com maior exposição dos pequenos lábios
Assimetrias leves ou sequelas discretas após ninfoplastia
Desconforto com roupa por atrito devido à falta de coxim gordurosoComplicações possíveis incluem equimoses, edema e, raramente, reativação de herpes. A literatura de preenchimento com ácido hialurônico cita o HSV como evento possível após injetáveis, embora incomum.
Herpes genital e procedimentos estéticos: o que sabemos
Estudos clássicos em dermatologia mostram que procedimentos de maior agressão cutânea, como laser de CO₂, Er:YAG, peelings e dermoabrasão, têm risco aumentado de reativar HSV. Nesses cenários, a profilaxia com valaciclovir reduziu significativamente reativações quando iniciada antes do procedimento e mantida por alguns dias a duas semanas.
Para injetáveis como o ácido hialurônico, a incidência de reativação é baixa, mas descrita. Em pacientes com histórico positivo de HSV, principalmente com recidivas frequentes ou surto anterior pós-procedimento, muitos especialistas adotam profilaxia curta ao redor do ato.
Quando indicar profilaxia antiviral
A profilaxia costuma ser recomendada se houver:
Histórico de herpes genital na região a ser tratada
Reativações frequentes ou surto anterior após procedimento estético
Procedimentos combinados ou mais extensos na área
Imunossupressão, diabetes descompensado ou outros fatores de risco
Se houver lesão ativa ou pródromo (ardor, formigamento), o procedimento deve ser adiado e tratado como episódio recorrente. Diretrizes do CDC orientam terapia episódica nesses casos.
Esquemas usados na prática clínica
As doses abaixo são baseadas em estudos e diretrizes para prevenção em laser e para tratamento episódico, adaptadas ao contexto peri-procedimento. A escolha final é médica e individualizada.
Valaciclovir 500 mg, 2 vezes ao diaIniciar 24 a 48 horas antes do procedimento e manter por 3 a 5 dias após. Em pacientes de maior risco, alguns protocolos estendem por 7 a 10 dias com boa efetividade demonstrada em resurfacing.
Alternativa breve baseada no CDC para episódios recorrentesValaciclovir 500 mg 2x/dia por 3 dias ou 1 g 1x/dia por 5 dias iniciando no dia anterior. Vem de esquemas consagrados de terapia episódica, usados como profilaxia curta no entorno do procedimento.
Aciclovir 400 mg, 2 vezes ao diaIniciar 2 dias antes e manter 7 dias quando valaciclovir não está disponível. Padrão descrito em guias práticos de cosmética.
Observações importantes
Quem usa supressão diária crônica pode manter o esquema e, em alguns casos, aumentar a dose durante 3 a 5 dias após o procedimento, a critério médico. Evidências também mostram que 1 g diário reduz eliminação viral.
Ajustar doses em insuficiência renal e revisar interações medicamentosas. Consulte bula e monografias oficiais.
Preparação para o procedimento
Avaliação clínica completa e fotos padronizadas
Tratar previamente foliculites e dermatoses ativas
Evitar banheira, piscina, roupas muito apertadas e relações sexuais por 3 a 7 dias após, conforme orientação profissional
Entender que preenchimento íntimo é uso off-label de preenchedores. Garantir consentimento específico
Perguntas frequentes
Tenho herpes. Posso fazer preenchimento íntimo dos grandes lábios?Em muitos casos, sim. Se você tem histórico de HSV, o profissional pode indicar profilaxia antiviral para reduzir o risco de reativação. Se houver lesão ativa, o procedimento será adiado até resolução.
A profilaxia é sempre necessária?Ela é mais indicada para quem já teve herpes na região, tem recidivas frequentes, realizou procedimentos combinados ou possui fatores de risco. Para quem nunca teve HSV, a decisão é individual.
Qual remédio é usado e por quanto tempo?Os esquemas mais usados são valaciclovir ou aciclovir, começando 1 a 2 dias antes e seguindo por alguns dias após o procedimento. O esquema exato é definido na consulta.
Qual é o risco real de o herpes voltar?Para injetáveis, a reativação é rara, mas possível. Em lasers e peelings profundos o risco é maior, por isso os estudos de profilaxia vêm principalmente dessas áreas.
E se, mesmo com profilaxia, aparecer um surto?Trata-se como episódio recorrente com antivirais orais por curto período, conforme as diretrizes. Quanto antes iniciar, melhor.
Sinais de alerta para adiar o procedimento
Vesículas dolorosas ou feridas na região
Dor desproporcional, sangramento inexplicado ou lesão suspeita
Dermatose inflamatória em atividade
Nesses casos, prioriza-se diagnóstico e tratamento antes de qualquer intervenção.
Conclusão
O preenchimento íntimo dos grandes lábios pode melhorar conforto, contorno e autoestima. Para quem tem histórico de herpes, incluir a profilaxia antiviral no planejamento é uma medida simples que ajuda a manter o pós-procedimento mais seguro. Converse com um profissional habilitado para avaliar seu histórico, ajustar doses e definir o melhor momento para o seu procedimento.
Aviso importante: este conteúdo é informativo e não substitui consulta médica. A prescrição de antivirais exige avaliação individual, ajuste por função renal e análise de interações.